Regresso à compra de casa estimula venda de terrenos para construção

06-05-2015

Depois de uma acentuada retração na compra de habitação, os Portugueses parecem estar a voltar a este negócio, o que abre oportunidades para a venda de terrenos destinados à promoção de novos projetos. Para Pedro André, do Marketing da Direção de Negócio Imobiliário do Millennium bcp “agora é o momento e a oportunidade para adquirir lotes de terreno para construção (em altura) ainda a preços muito competitivos”. É que, no atual momento, começa já a “haver falta de nova habitação”, e além disso, “há também uma maior apetência dos clientes particulares pela aquisição de casa”, impulsionado pelo “seu custo atual” e pela “evolução dos preços e spreads de crédito”, considera. Esta é, na sua opinião, uma “conjugação de fatores que potencia as oportunidades para a aquisição de lotes de terreno”. Por isso, e já a pensar no ciclo imobiliário, que pressupõe um tempo de desenvolvimento nunca inferior a dois anos entre a aquisição de um terreno, desenvolvimento do projeto e disponibilização do produto ao consumidor, o Millennium bcp acaba de colocar-se em campo para reforçar a venda de terrenos destinados à construção em altura, estando atualmente a apostar na comercialização de um lote de terrenos direcionados para o desenvolvimento de novos projetos imobiliários. “O objetivo é encontrar investidores, construtores ou promotores interessados em investirem para satisfazer as necessidades que se começam a verificar no mercado local, sendo este o momento em Portugal para adquirir este tipo de ativos”, reforça Pedro André. As mediadoras UON e Euro Estates são responsáveis pela comercialização desta carteira de 45 terrenos com potencial para construção em altura nos distritos de Lisboa, Porto, Aveiro e Faro, abrangendo valores que podem ir de €70.000 a €4.000.0000 e áreas de construção de 250 m2 a mais de 9.000 m2. Em termos de localizações, destacam-se em Lisboa a Alta de Lisboa no Lumiar, Loures/Camarate e a Venteira Amadora. Mais a Norte, o destaque vai para Gondomar e Vila Nova de Gaia, e no Centro, em Aveiro, mais concretamente Santa Maria da Feira. Já no Algarve os lotes situam-se em Silves/Algoz. De acordo com Ricardo Pereira da UON, “o mercado imobiliário nacional começa agora a dar sinais de alguma retoma”, que é “mais evidente no mercado residencial”, até tendo em conta “a aposta clara por parte dos operadores da Banca em voltar progressiva e cautelosamente à concessão de financiamento”. Por isso, na sua opinião, e com base em dados da AECOPS, não será de estranhar a evolução positiva da atividade de construção. “Prevê-se que a evolução da construção de edifícios termine o ano de 2015 com um crescimento de 1,1%, após uma evolução negativa de -8% em 2014”, nota. E também Diogo Pitta Livério, diretor comercial da Euro Estates, nota que “nesta área (da venda de terrenos para promoção) tem-se sentido, desde início do ano, uma maior procura deste tipo de produto”, embora ressalve que a base de comparação é modesta, já que que “a construção estagnou nos últimos anos.


Expetativas positivas

As expectativas para colocação destes terrenos no mercado são positivas, quer por parte do Banco, proprietário dos mesmos, quer por parte das entidades encarregues da comercialização. Sobretudo dirigidos a promotores e construtores, estes ativos têm, desde logo, como vantagem o facto de “alguns estarem inseridos em urbanizações que já têm edifícios terminados e habitados”, diz Diogo Pitta Livério, comentando que “este fator é uma vantagem face os projetos que se iniciam a partir do zero e sem referências”. Por outro lado, “os valores são muito competitivos face ao mercado, existe financiamento bancário (para aquisição) e a credibilidade da entidade vendedora também ajuda”, diz este profissional. Ricardo Pereira, da UON, acrescenta ainda à lista de argumentos de venda destes lotes de terreno o facto de se localizarem “em concelhos de procura com elevada demografia, além do potencial de construção que apresentam”. Além disso, considera este representante da UON, “pode ser uma oportunidade para incrementar a exposição de algumas empresas, após um período particularmente contraído no mercado imobiliário”. Da parte do Banco, pretende-se “devolver estes ativos ao mercado a um preço justo e equilibrado”, permitindo por um lado “o regular funcionamento dos mercados” e também “o acesso aos mesmos a quem tem capacidade de desenvolver projetos e queira aproveitar o atual momento do mercado, o qual começa a dar sinais positivos nas localizações dos lotes selecionados”, afirma Pedro André.


Estratégia de comercialização personalizada

A carteira de terrenos detidos pelo Banco que estão atualmente em comercialização é marcada pela diversidade de “dimensões e capacidades construtivas”, o que se traduz na possibilidade de “investimentos bastante díspares”, comenta Pedro André. Assim, e a título de exemplo, “por 69 mil euros no Algarve pode adquirir um lote com possibilidade construtiva de 3 pisos acima do solo. Mas em Lisboa, está disponível um terreno por 3,9 milhões de euros num lote com 1.312 m2 cuja capacidade construtiva é de 4 pisos abaixo do solo para uma área bruta de 5.250 m2 e de 11 pisos acima do solo com área bruta de uso habitacional de 9.300 m2 e de comércio e serviços de 701 m2 de construção”. Para dar resposta a estas especificidades, o Banco criou uma estratégia comercial assente na personalização. Explicando tratar-se de uma ação business-to-business, Pedro André sublinha que o objetivo é ativar “planos comunicacionais e comerciais específicos ativo a ativo”. “Cada lote tem as suas especificidades, que devem ser conhecidas a fundo nos termos daquilo que estava programado para o lote, passando pelo que o mercado valoriza e necessita hoje, aliado ao que os Planos Diretores Municipais e Intermunicipais hoje permitem”, diz Pedro André. Da parte do Millennium bcp, “estamos em condições de analisar todas as propostas para a aquisição dos mesmos”, esclarece Pedro André, acrescentando que “será sempre uma análise casuística face a cada ativo e adequando-se a melhor solução a cada cliente”. Da parte das duas mediadores responsáveis pela comercialização desta bolsa, o desafio é plenamente aceite. Na UON, que é responsável por um lote de 24 terrenos, “prepara-se um acompanhamento comercial forte, eficaz e segmentado focado no target mais provável”, uma postura complementada pela “aptidão para promover análises de investimento especializadas para cada um dos ativos entregues, com grande proximidade de cada entidade envolvida”, explica Ricardo Pereira. Já Diogo Pitta Livério, da Euro Estates (que está encarregue da comercialização de 21 terrenos), frisa que “iremos fazer um trabalho muito próximo dos potenciais players interessados neste tipo de produto, acompanhando-os até à colocação do produtos no mercado, estando sempre presentes em todas as fases do mercado”.

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